segunda-feira, 4 de abril de 2011

Assim no Céu, como na Terra - Capítulos 6 e 7


CAPÍTULO 6 – De Volta à Colônia  

─ Irmã Ana!
─ Fale, Amélia
─ Conheci o meu neto! Fiquei emocionada, não esperava tamanha surpresa.
─ Graças a Deus! Ore para que o lar dele seja sempre feliz
─ Os outros também estão muito bem, minha neta está grande! Meu genro está o mesmo de sempre, mas eu vou dar um jeito nele. Mas minha filha me parece um pouco doente.
─ Ela é um pouco frágil, e devido ao seu carma, vez ou outra tem uma doença passageira, mas sua vida será longa. Agora descanse, Irmã, você já se abalou muito.
Amélia estava agora mais ciente de seus deveres e não queria mais ficar ociosa no quarto. Ela pensou em trabalhar na recepção, atendendo a casos menos problemáticos. Então, decide pedir para Irmã Ana ver a possibilidade de executar alguma tarefa no hospital.
─ Irmã Ana, estou me sentindo muito entediada. Será que não tem nada em que eu possa ajudar?
─ Temos que estudar isso com calma. Vamos consultar o Irmão Gabriel. Ele me adiantou que você logo poderá deixar o hospital e se hospedar na casa de uma amiga.
─ Que amiga? Não lembro de nenhuma!
─ Sempre que retornamos à Terra deixamos alguns laços, embora deixemos de lembrar
─ Essa eu quero ver!
─ Na hora certa você saberá...
Na manhã seguinte, Irmã Amélia ouviu um barulho que tirou seu sono. Era a Irmã Átila no interfone, pedindo que ela fosse à recepção.
─ Por favor, venha até a recepção. Há uma pessoa que quer falar com você.
─ Quem será esse estrupício? Tirou o meu sono!
Quando chegou à recepção, Amélia encontrou a encarregada de receber os visitantes: Irmã Regina. Sempre muito simpática e comunicativa, ela pediu para Amélia se encaminhar à sala de visitas. Mas sem entender direito, Amélia retrucou:
─ O que eu vou fazer lá?
─ Há alguém quer falar com você.
─ Quem será essa marmota? ─ Pensou Amélia
Quando chegou lá, se viu numa sala enorme, clara e bem arejada. Havia vários vasos com plantas, todas bastante diferentes das conhecidas e que exalavam um ótimo aroma. Perto de uma delas, sentado num sofá vinho, ela viu Joseph. Ficou muito surpresa ao vê-lo.
─ Nossa, há quanto tempo! Pensei que tinha me esquecido.
─ Nunca nos esquecemos dos entes queridos. Mas infelizmente, estou só de passagem.
Do jeito que era demente, ele só pode estar num lugar entediante. ─ Pensou
─ Errou! Lá é lugar onde há muito movimento, nada fica parado.
─ Aprendeu a ler pensamentos?
─ Depois de um tempo isso fica fácil.
Joseph era um homem carismático, tinha uma expressão séria, mas mesmo assim conquistava todos com a sua tranqüilidade. Na Terra, foi seu companheiro, mas já estava em uma colônia espiritual há certo tempo.
─ Porque você está só de passagem?
─ Daqui a algum tempo eu vou ter que reencarnar.
─ Vai voltar para aquela bagunça?
─ Sim, ainda optei pela Terra.
─ Se eu fosse você, escolheria um lugar melhor...
─ Tenho algumas coisas para terminar lá.
─ Na mesma família?
─ Não posso revelar ainda
Apesar de ser uma ótima pessoa, quando estava na Terra, Joseph foi fumante, o que acabou o prejudicando.
─ Ainda continua fumando?
─ Esse é um dos maus vícios que aprendemos na Terra, mas acredito que ao voltar, isto não vai mais me acompanhar, pois foi uma das causas da minha morte prematura.
─ Tenho certeza que isso não vai mais acontecer com você. Mas, você tem ido à Terra ultimamente?
─ Não, mas tenho visto transmissões. Lá onde estou, há um lugar em que as imagens são muito reais.
─ Pelo menos você foi para um lugar de primeiro mundo.
─ Mas você está muito bem aqui.
─ Então, você deve ter visto nossa família. Você já viu o nosso neto?
─ Sim, antes mesmo de seu nascimento, eu conversei muito com ele, pois estava com receio de ir.
─ E os outros? Você acha que eles vão melhorar?
─ Sim, creio que sim.
─ Até aquele casca grossa?
De repente, ouviu-se uma sineta. No alto-falante, Irmão Gabriel pedia que todos se reunissem no auditório.


CAPÍTULO 7 – Rebelião no Mundo Espiritual

Após o sinal, Irmã Átila foi até a sala de visitas e, aflita, pediu que Irmã Amélia a acompanhasse.
─ Irmã Amélia, temos que ir! Irmão Gabriel irá nos orientar
─ Mas...
─ Ele poderá vir outra hora, pois a colônia dele não passa por esses problemas.
─ De qualquer forma, foi bom revê-la. Em outra oportunidade, virei aqui de novo.
─ Até breve.
Eles foram ao auditório, um lugar muito amplo, com poltronas confortáveis, de onde se viam duas telas enormes. Amélia achou bastante parecido com um cinema, embora fosse mais claro e arejado, dando a impressão de estar ao ar livre. Era onde os espíritos evoluídos davam suas comunicações mais urgentes.
Ela estava bastante confusa, não sabia ao certo o que estava acontecendo.
─ Nossa, esse lugar fica muito longe! Tem alguma coisa para beber?
─ Tem água fluidificada.
─ Flui o que? Para que isso? Não estou doente.
─ A água fluidificada é a água normal, acrescida de fluidos curadores.
─ Era só o que me faltava, eu só ouvi isso no centro espírita.
─ Aqui é parecido, pois as pessoas daqui estão em tratamento.
─ Mas afinal, o que é esse fuzuê?
─ Não é um fuzuê, irmã. Há outras colônias que estão precisando de ajuda. Por isso, todos de Novo Horizonte foram chamados aqui.
─ E o que nós podemos fazer?
─ Logo iremos receber orientações.
Instantes depois, Irmão Gabriel apareceu na tela, explicando a todos a situação em que se encontravam.
─ Irmãos, precisamos de muita calma. Espíritos de esferas inferiores próximas de Novo Horizonte estão tentando influenciar os habitantes da Terra, a fim de criar tumulto através de um país onde foi eleito um presidente com ideias diferentes dos demais. Forças ocultas estão tentando retirá-lo do poder, ou pior. Precisamos de muitas orações e aqueles que podem ajudar, precisam vir conosco à Terra para tentar impedir que isso aconteça. Também iremos receber a ajuda de outras colônias que irão se juntar a nós. Por ora, é só. Estarei contando com a ajuda de todos.
Após as instruções do Irmão Gabriel, todos ficaram um pouco agitados e ansiosos com o que estava preste a acontecer na Terra. Mas, Irmã Amélia ainda não havia entendido muito bem o que aconteceu.
─ O que está havendo, afinal? Qual é o problema com o presidente?
─ Os habitantes da Terra ainda possuem muito preconceito, e os espíritos menos evoluídos, estão se aproveitando disso para levar o caos.
─ Credo! Por aqui também tem isso?
─ Sim, pois nós temos que auxiliar as pessoas da Terra.
─ Como assim?
─ Tentando influenciar sempre para o bem e mandando boas vibrações.

Ao retornar para o Centro de recuperação, Amélia pensou no que iria acontecer na Terra e ficou apreensiva, se perguntando se poderia ajudar de alguma forma. Resolveu então falar com Irmã Átila:
─ Irmã, também quero ir para Terra!
─ Mas, você não está totalmente recuperada ainda, ir para a Terra nesse momento pode ser perigoso.
─ Mas eu já fui à Terra antes.
─ Só que a situação era diferente. Agora estamos passando por um problema grave. Se quiser ajudar, se reúna aos outros que se encontram no Pavilhão de Preces.
─ Pavilhão de Preces?
─ É um lugar onde vários espíritos se reunem para fazer um ciclo de orações e pedir boas vibrações ao pai. Normalmente, todos vão para lá quando há alguma emergência desse tipo. Quando não, geralmente se reúnem ao ar livre para fazer preces. Você também deve ir. Vai te fazer muito bem.
─ Xii, vou virar carola?
─ Não, Irmã. A prece ajuda em todos os momentos.
Mesmo a contragosto, Amélia seguiu a orientação de Irmã Átila. Quando voltou, Irmã Luísa estava esperando por ela:
─ Temos uma missão para você.
─ Missão?
─ Sim, você não disse que estava entediada?
─ O que eu tenho que fazer?
─ Vamos ajudar Angelina. Ela acaba de chegar das esferas inferiores.
Angelina esteve no umbral durante 20 anos, pois não conseguia se conformar com a ausência do seu amado. Ela teve que desencarnar primeiro e eles se separaram. Durante esse tempo, entrou em depressão. Os dois são almas afins, pois reencarnaram juntos muitas vezes, porém após sua partida, Guilherme teve que continuar na Terra. Para piorar, ele decidiu se casar com a irmã dela.
Ao saber da história de Angelina, Amélia fala:
─ Nossa, que besteira! Como alguém pode ficar tanto tempo assim triste por causa de uma paixão.
─ Não devemos criticar, devemos ajudar.
─ Já sei o que vou fazer! Logo logo ela vai sair dessa!
─ O que você pretende fazer?
─ Eu acho que aqui deveria ter passeios para os jovens, festas, coisas do gênero.
─ E tem, só que ela ainda não está preparada para isso.
─Agora fiquei intrigada, como são esses passeios?
─ Existe o vale dos namorados, onde eles trocam juras de amor. Também há uma praça recreativa, onde os amigos se encontram para conversar e, juntos, tirarem suas dúvidas. Acontecem também alguns shows especiais, com orquestras de música clássica, e outros gêneros. Além de tudo, em alguns pontos, há telões onde passam estórias educativas. Ah sim! Esqueci de mencionar os parques aquáticos, com praias e piscinas. Tudo isso sem nenhuma agitação ou tumulto.
─ Praia? Não, essa não dá para acreditar!
─ Você também pode conhecer esses lugares futuramente. Mas, agora não é a hora, por enquanto você deve se dedicar apenas a ajudar a jovem Angelina.
Então, Irmã Luísa chamou Amélia para lhe dar uma boa notícia.
Dentro de poucos dias você poderá sair do centro de recuperação.
─ Finalmente! Mas, pra onde eu vou?
─ Você poderá morar em uma vila próxima ao hospital. É para lá que vão as pessoas recém recuperadas. Você vai ficar com a Dona Zefinha.
─ Com quem?
─ Dona Zefinha é uma senhora idosa muito simpática. Atende às pessoas com muito carinho, e é querida por todos.
─ E como é essa casa?
─ É uma enorme vila, com chalés todos iguais. Há árvores frutíferas no quintal e na frente, jardins muito floridos. Além disso, tem um bom clima e é um lugar muito agradável. O seu quarto ficará na parte superior. Com uma enorme janela, onde você poderá ver os jardins. Nas proximidades da vila, tem um lago com águas cristalinas e junto há uma fonte, onde as pessoas se reúnem para passear e conversar.
─ Eu vou ter que ficar muito tempo na casa dela?
─ Até você poder ter a sua própria casa. Mas você vai gostar dela, vai notar que a conhece faz muito tempo.
─ Como assim? Eu não lembro disso!
─ As lembranças vão aparecer aos poucos.
Enquanto Amélia pensava em sua nova casa, a sirene tocou novamente:

Tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

─ O que é isso? O mundo está se acabando?
─ Não, estão chamando os escolhidos para ir à Terra.
─ Quem são esses?
─ São os irmãos que estão mais preparados para esse tipo de situação.
─ E nós, fazemos o quê?
─ Só podemos nos recolher ao pavilhão de prece e orar por eles. Ou, se preferir, podemos ir aos nossos aposentos e orar individualmente. O importante é enviar bons fluidos.
Nesse momento, a Terra ainda estava passando por alguns conflitos e os espíritos endurecidos se aproveitavam para tentar causar o caos, provocando guerrilhas e hostilidades entre os países. Apesar disso, os irmãos enviados faziam o possível para convencer os líderes a manter a paz, enquanto outros mentores estavam tentando dissuadir os revoltosos. Porém, surgiam muitas dificuldades criadas pelos espíritos rebeldes que influenciavam a Terra.
─ Vamos torcer sempre para que tudo termine bem, mesmo que demore um pouco.
─ É, espero que tudo fique bem. Certo, enquanto isso, talvez seja mais útil cuidar da minha missão. Vou me preparar para ajudar Angelina.

No Centro de Recuperação existe uma ala que é voltada para receber os espíritos recém chegados das esferas inferiores. Muitas vezes eles levam algum tempo para se adaptar ao novo lugar. É necessário o auxílio de irmãos que tentam ajudar esses espíritos a se desprender do seu passado. Mas, é preciso ter muita paciência para executar essa tarefa.
Amélia estava muito empenhada em ajudar Angelina, que se encontrava agora na sala de recuperação. Lá, ela recebia ajuda de muitos médicos e enfermeiros. Apesar de sua aparecia ainda abatida, estava melhorando pouco a pouco. Sempre que podia, Amélia ia visitá-la.
─ Você se sente melhor?
─ Acho que sim. Mas, estou com dor de cabeça.
─ Isso é normal. Não se preocupe, com o tempo tudo passa. Ele é o melhor remédio.
─ Parece até que o tempo não passa por aqui.
─ O médico falou que na próxima semana você já poderá passear pelos arredores. Você vai descobrir belas paisagens, até mais bonitas que as da Terra.
─ Não tenho vontade de nada.
─ Anime-se! Não fique ai parada com essa cara lesa.
─ Mas...
─ Sabia que aqui também existem lugares para namorar?
─ Não estou interessada em ninguém daqui.
─ Como dizem os jovens, a fila tem que andar. ─ A princípio, Angelina pensou que Amélia iria ser mais uma daquelas chatas autoritárias, mas ao conhecê-la, viu que na verdade era uma pessoa muito simpática e às vezes até cômica.
─ Você é muito engraçada. Está sempre de bem com a vida.
─ É assim que todos deveriam se sentir.















4 comentários:

  1. Boa Tarde !!

    Estou adorando !! Parou por que ??ah! Bom demais

    Parabéns !!

    Uma semana de muita LUZ !! Beijos !!

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  2. Olá verinha!
    Te desejo uma boa noite e sonhe com os anjos.
    Amanhã eu volto para ler o teu texto, ok?
    Bjos

    Fiquei feliz por ter retornado ao meu blog. Obrigado

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  3. Olá amiga querida!
    Estou um pouco sumida sim,muita correria,mas não esqueci de ti,estou acompanhando essa história que é sem dúvida MA_RA_VI_LHO_SA.
    Estou adorando!
    Beijosssssssssss

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  4. Interessante este livro, bem diferente dos outros que li, a linguagem é mais terrena, sem deixar de falar no auxilio espiritual tão importante que eles dão a nós.
    Beijos

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