sábado, 21 de maio de 2011

Assim no Céu como na Terra Capítulos 16 e 17

 CAPÍTULO 16 - Na Cidade de Naiara          
A cidade de Naiara era bem pequena, poderia até caber em uma das vilas de Novo Horizonte. Há alguns anos atrás, era apenas uma aldeia, aumentando depois com o passar do tempo. Mesmo não sendo grande, era muito simpática e aconchegante. Os habitantes eram simples e um pouco retraídos, tinham um ar de mistério. Mas, no geral eram boas pessoas.
Ela mora numa vila bem simples, sua casinha, que ficava no começo da rua, era confortável, mas minúscula. Muito bem arrumada. Sua prima fazia questão de mantê-la limpa e bem arejada. Na sala, havia um janelão, onde Naiara ficava quase sempre esperando por visitas. Ela dificilmente saia de casa, apenas para fazer alguns cursos, quase que obrigada. De tanto Julieta falar e aconselhá-la ir, ela acabava concordando, só para não criar confusão.
Quando Amélia e Angelina chegaram, foram muito bem recebidas por Julieta e Naiara. Elas ficaram muito contentes com a presença das duas na casa. Lá, também se tem o hábito de oferecer frutas aos visitantes. E dormiram numa bicama confortável no quarto de Naiara. Tudo lá cheirava a um aroma muito agradável que lembrava o cheiro de bebês. Enquanto Naiara saiu para fazer algumas compras, Julieta aproveitou para pedir que Amélia e Angelina incentivassem Naiara a manter-se ocupada, pois Julieta estava prestes a viajar e se preocupava em deixá-la sozinha.
Não se preocupe, Julieta, os benfeitores vão ajudar, ela nunca ficará sozinha.
Imagine quando Bola chegar?! O quê ela vai ensinar-lhe?
Quem é esse? ─ Perguntou Amélia.
Era o marido dela na Terra. Esse é seu apelido.
Mas, ela já sabe que ele vem?
Não, ainda vou contar. Ele passou muito tempo se recuperando, pois na Terra, vivia bêbado e acabou com toda herança de sua família.
Que Horror! Por isso nunca criei raízes com marido.
Amélia, cuidado com as palavras ─ Disse Angelina ─ Não ligue, Julieta, Amélia às vezes é franca demais. Quem não a conhece estranha seus modos.
Não se preocupe, filha. Já estou acostumada com essas coisas. Já convivo com Naiara já há algum tempo.

Naiara, que havia saído para comprar frutas fresquinhas para as visitas, retornara e, quase sem ser percebida, ouviu falar no seu nome.
         ─ Sim, insuflando os visitantes contra mim, não é? Sua prima desnaturada?
Naiara, o quê é isso?
Não se preocupe, amiga, nós só estávamos falando um pouco da vida de todos.
Vamos lanchar, meninas. ─ Convidou Julieta, tentando mudar o assunto.
Sim, mas não vamos comer muito, ou podemos engordar. ─ Brincou Amélia.
Depois do lanche, Julieta convidou as visitantes para ir ao evento que aconteceria no sábado:
Vocês gostariam de nos acompanhar ao evento de inauguração da primeira Faculdade da nossa colônia.
Claro, estou muito curiosa para conhecer. Como será que deve ser uma Faculdade aqui?
Parecida com as da Terra, mas com cursos e formas de aprendizado diferentes. Alias, estou tentando convencer Naiara a entrar também.
         ─ É ruim hein! Como se já não bastasse ter que aturar o estafermo do meu marido, ainda vou ter que dar uma de universitária a essa altura?
Quando soube que ele virá?
De vez em quando falo com Dona Graça pelo telefone. Ela nunca me esconde nada.
Só podia ser mesmo Dona Graça.
Mas, relaxe, estou me preparando aos poucos. Mas, deixa isso pra lá, vamos falar de coisas boas. Recebi um convite para cuidar de um abrigo, mas só devo ir lá por algumas horas e nos finais de semana. Vou contar algumas histórias para as velhinhas e fazê-las sorrirem. Tive uma vida muito engraçada.
Que ótimo! Não sabíamos dessa novidade.
Só descobri hoje pela manhã.
Estamos todas muito felizes, Naiara.
Mas, bola pra frente, que atrás vem gente!
Quando voltarmos, iremos contar a novidade para Irmã Luísa. Ela vai ficar muito contente.
         ─ Nem fale em voltar agora, afinal vocês ainda deve ficar mais alguns dias aqui.
É mesmo. Falando nisso, ontem irmão Miguel nos avisou que podemos ficar mais uma semana. E assim, acompanharemos você na visita ao abrigo.
Ótimo, não precisarei sair sozinha de casa. É que às vezes ainda tenho um pouco de receio.
Mas agora é bem diferente, você não será perseguida por ninguém, Naiara. Já que aqui não tem nenhum paparazzi.
Nem tente, ela nunca nos ouve...

E assim, após os quinze dias de permanência na casa de Naiara, as meninas puderam levar alguns ensinamentos para aquela alma rebelde. Só restava agora acreditar que ela estava preparada para receber Bola, que iria requerer muita paciência para se conduzir ao caminho do bem.
Na casa de Naiara, ela e sua prima falavam sobre a chegada dele:
Mas por que será que ele não foi para a casa da mãe dele, Dona Filomena?
Engraçado, quando eram casados, você não simpatizava com ela.
As coisas mudam, e depois de algum tempo, percebi que ela era uma vitima daquele alcoólatra imprestável.
Mas, tudo isso já se passou há anos. Tente focalizar o presente. Ele agora já se recuperou, só faltam uns ajustes e cabe a você ajudá-lo.
Bem, se é assim... Cuidarei desse estrupício! E espero que ele não me dê muito trabalho...

Quando retornaram a Novo Horizonte, Amélia e Angelina estavam animadas, sentiam que pelo menos a vida de Naiara não seria a mesma. Ela estava se recuperando rapidamente e podia ser até que não precisasse mais voltar a Novo Horizonte. Talvez, aquela pequena cidade fosse mesmo o lugar ideal para que Naiara pudesse se regenerar totalmente.

CAPÍTULO 17 – Uma Nova Missão

No dia seguinte, Angelina recebeu um telefonema orientando-a para ir ao hospital central e pedindo que também chamasse Amélia, pois as duas iriam novamente cumprir uma tarefa juntas. Angelina se apressou e logo foi correndo procurar Amélia para dar a notícia, mas não a encontrou. Resolveu, então, ir sozinha ao hospital. Quando estava saindo, encontrou com seu Inácio, que estava cuidando dos jardins e a cumprimentou alegremente. Ele, no entanto, percebeu sua preocupação e quis saber o porquê daquela rusga. Angelina disse-lhe que sua amiga havia saído sem deixar notícias. Só então ele se lembrou de do recado que Amélia havia deixado.
Desculpa, senhorita, mas eu me esqueci de avisar que Amélia foi logo cedo para a creche, substituir uma das professoras que teve de se ausentar hoje. Ela foi chamada assim que amanheceu e não quis acordá-la para dar a notícia.
Mas, irmão Miguel pediu que fôssemos ao hospital central, ele tem uma tarefa para nós. Mas, onde fica essa creche?
Ah, fica um pouco longe daqui e o próximo transporte só sai daqui a algumas horas.
Bem, acho melhor ir sozinha, então.
Quando ela voltar, eu avisarei.
Se encontrar com ela, diga-lhe que vá até o hospital central, por favor.
Claro, mas creio que ela chegará tarde. Se a encontrar, darei o recado.

E no meio do dia, Angelina, que já estava no hospital central falando com Irmão Miguel, pode finalmente saber de que se tratava a tarefa. Teve um espanto muito grande em descobrir que iria participar de uma missão um pouco difícil para ela. Pensou em seguir sozinha, mas Irmão Miguel aconselhou-a a esperar por Amélia. As duas poderiam se revezar nesse trabalho e não se sentiriam tão sozinhas.
Amélia chegará logo e então marcarei a viagem para vocês. É muito urgente, não podemos esperar muito. ─ Disse Irmão Miguel.
Quando Amélia chegou e soube de sua nova tarefa, ficou um tanto aflita. Hesitou ao pensar no que poderia causar se falhasse. Mas, Irmã Luísa pediu que tivesse calma, pois também iria acompanhá-las para dar-lhes mais apoio.
        ─ Bem, sendo assim, acho que vou ter que aceitar. Quando iremos para lá?
        ─ Hoje mesmo. É só o tempo de repassarmos alguns dados para Luísa e Marcos, que vão acompanhá-las. ─ Explicou Irmão Miguel.

Era difícil voltar à casa de Zefinha, que agora se chamava Clara e estava com sete anos. Ela era uma menina muito inteligente e bondosa, mas estava morando em um lar um pouco desarmônico. Nos últimos dias, contraiu uma virose que a deixou certo tempo de coma. No seu estado de quase desprendimento, queria ir embora, pois não aguentava ver seus pais brigando todos os momentos. Mas, a tarefa de Amélia e Angelina era justamente a de convencer a amiga a ficar e encontrar uma maneira de ajudar os pais.
         ─ Só mesmo amigas tão queridas para me ajudar nessa hora tão dolorosa, ainda bem que vieram. ─ Disse Zefinha. Enquanto estava de coma, ela conseguia se lembrar de como era antes de voltar à Terra, pois, devido à sua pouca idade, ainda não estava totalmente ligada a seu novo estado.
Nós estamos aqui e também há outros amigos por perto, mas você não consegue vê-los. Tente reagir a essa doença, logo você ficará boa. Seus pais a amam muito. Você vai ser um elo de amor para eles.
Acho que não. Desde que nasci, só os vejo brigando.
Eles são muito jovens, logo encontrarão um caminho melhor. Estamos aqui para ajudar você a ficar boa. Tenha força, não vai deixar que uma bobagem te faça perder o seu esforço de anos. Além do mais, você sabe que lá não é tão divertido assim. E também tem que passar por tudo outra vez... Nada disso, fique aqui por mais um bom tempo.
Só você, Amélia, para me dizer coisas engraçadas nessas horas. Talvez tenha razão. Levei anos para poder chegar aqui novamente. E sair assim, seria um fracasso.
Isso mesmo, amiga. Vamos ficar com você até que se cure totalmente. E quem sabe, poderá nos visitar nos sonhos.
Pouco tempo depois, Clara retomou sua consciência e já se sentiu bem melhor, mesmo sem lembrar do que havia visto.
Os médicos ficaram bastante otimistas ao ver a sua recuperação e seus pais, que antes estavam muito abatidos, se alegraram muito em vê-la bem, nem lembraram mais que estavam brigados.
Parece que tivemos êxito, Amélia. Os médicos já estão mais seguros. O quadro de Clara está bem melhor agora. Só que ela ainda não sabe que vai ter que usar a cadeira de rodas por um tempo. ─ Comentou Angelina, que conversava com Amélia no quarto do hospital, enquanto os médicos examinavam Clara.
E acho melhor não saber. Só devemos mostrar isso depois e de uma maneira muito cuidadosa.
Mas, ainda bem que será só por uns tempos. Enquanto isso, seus pais ficarão juntos para poder ajudá-la melhor. Só assim eles vão se harmonizar. “Se não vai pelo amor, irá pela dor”.
Ora, não seja pessimista, Angelina. Mas, espero que esses dois malucos fiquem calmos e pacíficos. Se não, irei tapar-lhes a boca!
Amélia, tenha calma, sua tarefa é de levar a paz e tranquilidade para Zefinha. Deixe os pais delas com os outros benfeitores.
Esses molengas...

E o tempo passou rápido naquele hospital da Terra. Após uma semana de internada, Clara teve alta e voltou para casa com seus pais, que diante do medo de perder a filha, ficaram mais unidos e resolveram agir com muita cautela no lar, o que ajudou muito na recuperação de Clara. Apesar de ainda ter que usar cadeira de rodas, ela pode perceber a paz no seu lar.
Ainda bem que é só por pouco tempo, não é, doutor? ─ Perguntou Clara.
É, querida, vamos ajudá-la a superar essa fase.
Claro, meu bem, claro ─ Disse a mãe.
Alguns dias depois, a família de Clara estava bem unida. Todos queriam fazer o possível para que ela se recuperasse mais rápido. Nada como o amor dos pais para fazer com que as crianças possam melhorar.
Após essa missão, que precisou de um pouco de paciência para ser cumprida, as amigas finalmente puderam seguir para sua cidade e quando chegaram lá, foram recebidas com muita alegria por irmã Átila e irmão Miguel. Eles estavam muito satisfeitos com o término da tarefa. Além disso, uma boa surpresa as aguardava.
─ Só espero que nos deixe descansar um pouco.
Claro, Amélia, vocês irão poder descansar esses mês numa estação climática, cheia de flores e com piscina termal. Vão adorar, o lugar é um verdadeiro paraíso!
Gosto muito de flores, mas não gosto de banho de piscina, tenho medo de me afogar. Não sei nadar.
Querida, você poderá ficar à vontade no chalé e, se preferir, poderá só observar o ambiente.
Vamos, Amélia! Teremos a chance de descansar e participar de um lazer. Você não diz que aqui é tudo muito parado?
Mas, você vai com seu namorado. E eu? Vou ficar segurando vela?
Dona Graça e irmã Clarice também irão com vocês.
Mas Clarice não ia voltar pra Terra?
Sim, mas ainda terá algum tempo.
Então, já estou me animando. Quando iremos?
Daqui a uma semana.
Ah, pensei que fosse agora!
Primeiro vamos preparar um relatório do caso de Zefinha e ainda temos alguma coisa para resolver sobre Naiara.
Essa não! Pensei que Naiara estivesse bem.
Sim, por isso mesmo vamos resolver se ela deve permanecer lá ou voltar para cá.

Após alguns dias, os benfeitores resolveram que Naiara deveria continuar em sua nova cidade. Ela já estava se harmonizando com Bola e conseguindo ensinar-lhe boas maneiras. E assim esse caso foi encerrado.
Zefinha, ou melhor, Clara, estava muito bem com sua família e logo logo iria receber mais um irmãozinho para lhe fazer companhia. Todos pareciam bem. Só Dona Graça dava trabalho, pois ainda relutava com a ideia de ficar solteira. Ela dizia que poderia ser enfermeira e se casar. Irmão Miguel explicou-a que isso ela só irá decidir no futuro. Se conseguir dar conta, poderá até merecer essa alegria.
Não sei por que insistir nessa besteira, é tão bom ser livre, liberta de tudo! ─ Disse Amélia.
Ninguém nunca está livre de tudo, Amélia. Tente entender o lado romântico dela.
Bem, eu acho... Não importa o quê acho! Vocês nunca vão entender, melhor me calar.
Meninas, dona Graça é quem deve decidir, a vida é dela.
Eu quero ter um marido, noivo ou sei lá o quê. Não quero ficar pra tia.
Vamos deixar para resolver isso quando estiver mais próximo de sua partida. Agora se prepare para curtir a colônia de férias com suas amigas.
Amigas? Amigas da onça! Querem me ver sozinha.
Dona Graça, não repita isso, ou vou cancelar sua viagem.
Não, espere! Não faça isso, quero muito me divertir.



3 comentários:

  1. Estou viajando nessa história,parece que eu estou lá participando de tudo isso!
    É realmente muito linda!
    Parabéns por essa trabalho tão nobre!
    Beijossssssssssss

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  2. Boa tarde,
    Não vim comentar, desculpe.
    Mas deixar o meu oi e dizer que não me esqueci de ti.
    Agora só terei os finais de semana para postar e visitar os blogs amigos.
    Quero te desejar uma bela semana.
    Bjs e um carinhoso abraço.

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